Seu filho escuta, mas não entende?
A terapia do processamento auditivo central é indicada para indivíduos de todas as idades que apresentam alterações ou Transtorno do Processamento Auditivo Central (TPAC). O TPAC é definido como um déficit no processamento neural do estímulo auditivo, que resulta na incapacidade de ouvir ou compreender a informação auditiva com precisão, mesmo com inteligência e audição normal (Bob Keith). O TPAC pode coexistir com outros distúrbios, tais como alterações de linguagem, aprendizagem e TDAH (ASHA, 2005).
Para melhor entender sobre a terapia de PAC é necessário saber que a compreensão auditiva é composta por dois processamentos: Top-Down e Bottom-Up. O Top-Down é cognitivo e está relacionado aos recursos centrais de ordem superior, como memória, atenção, cognição e linguagem. A intervenção nesse processo consiste na realização de tarefas que têm o objetivo de melhorar os aspectos não auditivos que são necessários para entender a mensagem auditiva.
Já o processamento Bottom-Up é sensorial, e está relacionado ao sinal acústico de entrada, bem como a integridade da via auditiva central. A intervenção consiste na reabilitação das habilidades auditivas alteradas, por meio do treinamento auditivo (TA) e modificações ambientais que possam melhorar a clareza do sinal.
O TA aumenta a percepção do estímulo auditivo e estimula as funções auditivas relacionadas com o cérebro. Os objetivos são melhorar o acesso à informação auditiva, as habilidades auditivas e a compreensão da linguagem. O TA pode ser acusticamente controlado (formal) ou informal. Ambos promovem alterações neurofisiológicas a partir dos estímulos auditivos. A diferença entre as duas abordagens envolve o nível de controle que é mantido sobre os estímulos de treinamento e o meio ambiente (Weihing, Chermak, Musiek, 2015). A terapia de PAC deve ser personalizada para cada caso, levando em consideração a idade do paciente, as habilidades auditivas alteradas e a queixa apresentada. Muitas vezes o trabalho é multidisciplinar, envolvendo fonoaudiólogo, neuropsicólogo, neurologista, neuropediatra, entre outros. Além disso, é de suma importância a participação da família e educadores durante o tratamento do TPAC.