A apraxia de fala na infância
Quando falamos em alterações de fala, podemos dividir didaticamente em alterações que envolvem componentes articulatórios e alterações que envolvem os esquemas fonológicos. O que vemos na clínica atual é que temos crianças em tratamento que não se encaixam somente em uma das classificações didáticas, ou seja, são casos compostos de alterações mistas. Assim, para cada tipo de transtorno temos uma terapêutica diferente? Sim. Ao pensar no tratamento, o diagnóstico impreciso e sem nível de evidência, acarreta custos altos e tratamentos ineficientes.
A apraxia de fala tem tido um grande visibilidade nos últimos tempos, e essa visibilidade é positiva, no entanto, muitos casos estão sendo “super diagnosticados” ou “subdiagnosticados”. Os casos de apraxia em estudos de prevalência chegam próximos a 2,4% (Shriberg et al.2012; Shriberg et al. 2017). O diagnóstico não é fácil, tem de ser robusto e criterioso, munido de vários instrumentos de avaliação, que irão nos fornecer dados sobre a morfologia e fisiologia dos sistemas de fala e de linguagem, bem como o desenvolvimento global da criança em avaliação. A apraxia de fala na infância (AFI) tem como núcleo central a alteração na precisão e consistência dos movimentos relacionados à fala, que envolvem déficits no planejamento e programação motora da fala.
Temos algumas diferenças e características importantes:
Crianças com AFI possuem erros inconsistentes de consoantes e vogais, transições coarticulatórias alongadas ou interrompidas e uma prosódia pouco efetiva.
Frente a uma criança com provável apraxia de fala, devemos verificar se há dificuldade para alcançar configurações articulatórias iniciais ou mesmo mudar de uma configuração para outra, se há tateio, presença de distorções vocálicas, repertório de consoantes e vogais limitado, omissão de sons, aumento de erros com o aumento da extensão das palavras e maior complexidade e em fala espontânea há produções mais limitadas do que em palavras isoladas (Strand (2007). Texto da nossa fonoaudióloga Ana Bertolino que atua no âmbito da infância e adolescência, com formação no método PROMPT- Nível 2 pelo Institute PROMPT com sede nos Estados Unidos.